quinta-feira, 5 de abril de 2012

Hora de voltar, né? depois de um longo e tenebroso inverno, me sinto preparada para continuar a historia... porém não com a mesma frequencia de antes, pois graças a Deus estou bastante atribulada com os afazeres profissionais, academicos e domesticos!! Mas não podemos deixar esse blog morrer, portanto tentarei postar pelo menos um capitulo por semana, satisfeitos? bjs

segunda-feira, 7 de junho de 2010

(Nota da Autora)

Estive ausente por esses dias, pois estava fazendo minha mudança para o apto e fiquei sem internet.
Mas estou de volta e reorganizando minha vida. Ainda esta semana volto a postar, dando continuidade a história. mas me diga: está gostando? Deixe seu cometário, com opniões.

Besos.

domingo, 30 de maio de 2010

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Meu chão sumiu... fiquei pálido...
“- Sua Galinha!”- o pequeno Junior gritou, sem noção do que estava dizendo.
Imediatamente peguei o telefone e liguei para o Elder. Aquele miserável não foi nem capaz de me encarar numa hora dessas, mas procurei manter a calma e conversar com ele sobre essa terrível situação.
A medida que eu ia falando, Patrícia ia debochando das minhas palavras, me deixando cada vez mais irritado até que eu larguei o telefone e dei um murro na boca dela, depois a tranquei no quarto, permitindo sua saída só no dia seguinte, quando eu já estaria pronto para levá-la embora comigo.
Embora eu estava hospedado num hotel, minha irmã caçula, Márcia, morava na mesma cidade, então pedi a ela que ficasse com Patrícia uns dias, até que nossa casa fosse desocupada.
Patrícia continuava a dar trabalho, mas pelo menos estava longe daquele crápula. E eu sabia que ele não era homem suficiente para ir atrás dela.
Enfim, nossa casa ficou disponível e todos nos mudamos. Aos poucos a vida foi tomando seu rumo natural e saudável, com exceção de Patrícia e Suely. Patrícia voltou a se relacionar com seus antigos amigos, mas em casa não havia diálogo e Suely se culpava pelo seu comportamento. Patrícia começou a fazer terapia contra sua vontade, nós a obrigamos. Foi durante a terapia que descobrimos que o Elder persuadia Patrícia a ter relações com ele todos os dias e ela se sentia na obrigação de fazê-lo, além do medo da violência dele.
Os anos foram se passando e Patrícia foi superando seus traumas, fazendo novas amizades, arrumando novos namoradinhos e cuidando de seus irmãos. Já Suely, após as descobertas durante a terapia, tinha cada vez mais dificuldades em lidar com as frustrações da maternidade. Sentia-se culpada pela filha ter passado por tudo que passou e se embriagava todos os dias.
Junior já era um adolescente alegre e cheio de amigos. Nossa casa vivia cheia e essa era a única alegria da minha esposa. Os amigos de Junior adoravam conversar com a “Tia Suely”, mas quando eu chegava em casa, os meninos iam embora, Suely se fechava na cozinha e Junior no quarto. Minha única companhia era Cristina, que parecia viver num mundo a parte. Neste período, Patrícia já trabalhava e estudava a noite. Ela gostava de ter seu próprio dinheiro e enchia Cristina de mimos e presentes.

sábado, 29 de maio de 2010

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Era fim de ano e a previsão para nos mudarmos era para o começo do próximo ano. Faltava pouco mais de um mês, mas parecia que faltavam séculos.
No Natal, fomos para a casa de um amigo. Patrícia não queria ir, mas não lhe deixei escolha. Quando voltamos para casa, a rua estava cheia de papéis rasgados. A porta de nossa casa estava cheia de discos quebrados, roupas rasgadas, enfim, todos os presentes, bilhetinhos e cartas de amor que a Patrícia havia dado ao Elder estavam lá, destruídos. E junto, o coração da milha filha, que ficou despedaçado. Ela se trancou no quarto e chorava alto, de soluçar.
Gritava que preferia morrer a passar tudo que estava passando e não agüentava mais. Eu não tinha certeza do que ela estava falando, mas sofria tanto quanto ela. Deitei sua cabeça no meu colo, fiquei acariciando seus longos e belos cabelos negros, sem dizer apenas uma palavra e deixando minhas lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto, até que consegui acalmá-la.
Depois que ela se acalmou, foi até a rua, juntou pedacinho por pedacinho do que encontrou, levou até seu quarto e calmamente recompôs todas as cartas, costurou as roupas, juntou os pedaços de discos, colocou tudo em uma caixa, escreveu um bilhete de Feliz Natal, juntou ao presente que ela havia comprado para o Elder e colocou o pacote na porta de sua casa, com a maior humildade.
Ao mesmo tempo que senti orgulho da atitude de minha filha, também senti vergonha pois ele não merecia que ela se humilhasse desse jeito.
Enfim, deu resultado, e para meu alivio imediato e meu desgosto eterno, eles fizeram as pazes.,
Porém, poucos dias depois, ouvi um bate boca na rua e sai para ver o que estava acontecendo. O Elder estava batendo novamente na minha filha, rasgando sua roupa, e a Katia chorava e implorava para ele parar. O pai dele friamente assistia a tudo, inerte. Quando sai, avancei para cima dos dois, os separando e gritei ao pai dele, porque ele não havia feito nada para impedir aquela tragédia. Sabe o que ele me respondeu? “Segure tua cabra que meu bode tá solto.” E, sem descruzar os braços, entrou para dentro de sua casa.
Fiquei indignado, minha vontade era avançar para cima dele, mas minha filha estava precisando mais de mim ao seu lado.
Na mesma noite, minha sogra, que estava passando o fim de ano conosco, acordou de madrugada e notou que Patrícia não estava no quarto. Desesperada, me acordou. Na mesma hora liguei na casa do Elder e ela estava lá. Então, ela voltou para casa e notei que ela estava só de camiseta e calcinha. Como pode, depois de tudo que aconteceu, minha filha ainda se sujeitar a se deitar com aquele porco nojento? Perdi o controle e a surrei, deixando marcas por todo o seu corpo.
A impressão que eu tinha é que este inferno nunca iria acabar. Na semana do ano novo, Patrícia tentou se matar, misturando veneno com vários remédios em um copo, mas Suely mais uma vez chegou a tempo de impedir que ela tomasse a mistura.
Na segunda semana de janeiro eu já estava trabalhando no novo escritório e só faltava nosso inquilino desocupar a casa para a família toda mudar. Eu passava a semana trabalhando e no final de semana viajava para casa. Mas durante a semana, muitas coisas aconteciam.
Patrícia saia sem dizer aonde ia, durante a noite ovos eram lançados em nossa garagem, o carro de Suely foi pixado, e a Suely não tinha mais o controle da situação.
Então, antes mesmo de acabar janeiro, num final de semana que fui visitar minha família, Patrícia pediu para nos reunirmos pois ela queria ter uma conversa séria com todos. Foi quando ela começou a chorar e disse que estava grávida....

sexta-feira, 28 de maio de 2010

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Chegou o feriado de setembro e decidi levar minha família para uma viagem, porém Patrícia praticamente exigiu que o Elder fosse junto. Mesmo contrariado, eu permiti.
Quando voltamos da viagem, minha casa tinha sido arrombada. Os ladrões tentaram fazer um buraco pela parede do meu quarto, mas não conseguiram perfurar a parede por completo. Conseguiram entrar pela janela, serraram a grade. Roubaram só uma máquina fotográfica, uma televisão e um videocassete VHS, de valor material. Entraram apenas no meu quarto e no quarto da Patrícia. As jóias da Suely ficaram todas expostas, em cima do fogão... não levaram nem um brinco.
Mas uma coisa estranha aconteceu: roubaram diário de Patrícia e uma pasta de desenhos dela.
Neste dia, quando chegamos, Patrícia e Elder foram para a rua e pareciam discutir, não sei o porquê. Só sei que o vi batendo na minha filha, no meio da rua. Quando eles me viram, saíram correndo. Meu sangue ferveu. Quando Patrícia chegou em casa, dei-lhe um tapa na cara para aprender que o único homem que poderia bater nela seria eu. Na mesma noite ela fugiu de casa.
Ficamos desesperados, fui na empresa que Elder trabalhava e disse que se minha filha não aparecesse, eu iria denunciá-lo à polícia, uma vez que ela só tinha treze anos. Todos fomos atrás dela, ate hoje eu tenho quase certeza que ele sabia onde ela estava. Depois de dois dias Patrícia me ligou, pedindo para buscá-la em frente ao Teatro Municipal.
Ao vê-la ali, minha emoção foi tanta que não pude fazer outra coisa, senão chorar... Abraçá-la forte e chorar... era o meu jeito de dizer que a amava.
A partir de então, nossas reuniões com os amigos já não eram mais tão legais quanto antes. Estávamos entregues ao sofrimento ao invés de conversarmos com nossa filha e tentarmos ajudá-la. Achávamos que ela tinha que aprender a lidar com o sofrimento sozinha, mas estávamos lá para ampará-la, se elas nos procurasse. Só se ela nos procurasse.
Suely voltou a se entregar à bebida e se descuidar e eu nada podia fazer. Me sentia de mãos atadas.
Meu desespero era tanto que, quando soube de uma vaga na empresa, para voltarmos para nossa cidade, imediatamente pedi para que eu fosse transferido. O salário era menor, iríamos perder os benefícios, mas nada se comparava ao inferno que estávamos vivendo.
Quando cheguei em casa, o Elder me esperava para conversarmos. Antes que ele falasse alguma coisa, seja lá o que fosse, eu queria conversar com minha família, expor minha decisão e pedi para que ele se retirasse, depois conversávamos.
Eu tinha a intenção de voltarmos a morar na mesma casa, matricular as crianças na mesma escola, para eles não passarem pelo sofrimento de adaptação novamente. Seria mais fácil voltarmos para um ambiente que já conhecíamos.
Ao comunicar a noticia, ninguém gostou da idéia. Principalmente Patrícia, que se rebelou gritando infâmias e dizendo que o Elder estava ali para pedi-la em casamento e correu para seu quarto. Suely, chorando com as coisas que também ouviu, correu atrás dela e a encontrou com uma faca nas mãos, a mesma encontrada em sua cama, no dia do assalto. Suely pulou para cima da Patrícia gritando e conseguiu tirar a faca das mãos de nossa filha, a impedido de cometer uma loucura.
Eu não conseguia entender como tinha conseguido ter deixado tudo chegar àquele ponto, mas com certeza deveria tirar minha família o mais rápido dali. Casar... como pode? Ela tinha acabado de fazer catorze anos... quem esse Elder pensa que ele é?
Patrícia já não se alimentava direito, reprovou de ano na escola, abandonou o curso de inglês e só vestia saias longas e camisas sem decote, por ordem do namorado. Vivia trancada no quarto, ouvindo som alto e não queria saber de conversa. Seus amigos não iam mais visitá-las. O telefone já quase não tocava mais. Onde eu tinha errado? Eu me culpava, Suely se culpava e cada um se isolava no seu canto.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

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Era comum abrir a geladeira de casa e encontrar cervejas, vinhos, licores e até mesmo bebidas destiladas. Tínhamos um barzinho na sala, todo espelhado, móvel em madeira nobre, com taças de cristais e bebidas importadas, que estava sempre com seu estoque sendo renovado.
As crianças estudavam de manhã e Suely acordava todos os dias às cinco horas da manhã. Preparava um lanche reforçado, um suco natural e sentava com os filhos na mesa, enquanto eles comiam. Mas seu café da manhã era um copo de cerveja e o hábito de beber a acompanhava durante todo o dia, somando no mínimo três garrafas por dia. Mas de nada eu poderia reclamar. Quando chegava em casa, ainda encontrava a janta pronta, fresquinha, meus chinelos na porta de casa e Suely acordada, ansiosa para saber como foi meu dia, assim como no começo do casamento, mesmo após dezoito anos de casados. Mas a diferença é que eu chegava cansado demais para conversar e principalmente para notar que seus olhos estavam fundos, avermelhados, sua pele pálida, sua fala mole, seu soluço insistente e seus reflexos alterados.
Depois que me formei, quando Cristina já estava com três anos, Junior com oito anos e Patrícia com doze anos, recebi uma oferta de promoção que implicaria em uma grande melhora de vida.
A multinacional que eu trabalhava me convidou para ser responsável de uma de suas filiais, em outro estado, com uma premiação que eu poderia quitar minha casa e ainda teria estabilidade de dois anos, todas as despesas pagas, inclusive a escola das crianças. Não hesitei em aceitar, mas quando dei a noticia para Suely, ela achou melhor darmos um tempo para contar às crianças, assim ela poderia prepará-los.
Depois de grandes transtornos, pois as crianças não queriam ir, mudar de escola e se separar de seus amigos, viajamos. Aluguei uma bela casa, com um quintal bem grande que prometia ser um belo lar. Uma vida nova, eu estava disposto a fazer diferente, ficar mais com meus filhos e me dedicar mais a minha esposa.
No começo foi difícil, Patrícia resistia em fazer novas amizades e começou a dar problemas de rebeldia, típicos da adolescência.
Suely, bem sociável e comunicativa como era, logo fez amizade com a esposa de um dos funcionários da empresa que também era novo na cidade. Aos poucos nossa vida foi se ajeitando, Patrícia começou a namorar e logo se enturmou com o pessoal de sua idade e alguns um pouco mais velhos. Não saia da casa de nossos vizinhos Katia e Elder, dois irmãos de dezesseis e dezoito anos, respectivamente, que se tornaram seus melhores amigos.
Eu e Suely fizemos amizade com a Elizabeth e o Pereira e todos os finais de semana nos reuníamos na casa de um ou de outro para curtimos o final de semana. Fred, meu funcionário e sua esposa Juliana também participavam das reuniões e esses dois casais se tornaram nossa nova família.
Estávamos sempre juntos, Suely estava muito feliz com a nova vida. Todas as sextas-feiras, Suely passava a tarde no salão de beleza se arrumando estava cada vez mais bela. As crianças tinham uma vida alegre e saudável e nós finalmente éramos uma família feliz.
Eu, conforme prometido, estava mais amigável e generoso, também me sentia mais feliz, mais maduro e mais responsável. Finalmente me sentia um pai de família.
Depois de um ano, não foi surpresa nenhuma quando Patrícia veio nos contar que estava namorando seu melhor amigo, Elder. Apesar dele ser de maior idade e minha filha ser apenas uma criança, nós aceitamos com alegria esse namoro, pois o rapaz era de uma boa família, muito bem educado e simpático.
Mas com dois meses de namoro, estes dois começaram tornar nossa vida um terrível pesadelo.
Patrícia não nos contava o que estava acontecendo, mas notávamos sua infelicidade e o ciúme doentio de seu namorado. Aos poucos Elder foi se tornando uma pessoa amarga e violenta.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

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O tempo passou, mudamos para nossa nova casa. Patricia cresceu, voltei a estudar, mudei para um emprego na área de vendas de uma multinacional.
Paramos de freqüentar o centro espírita, permiti Suely trabalhar em casa, como manicure e pedicure, e ela também pôde retomar seus estudos, mas logo engravidou novamente e teve que deixar de estudar e trabalhar.
Suely fez bastante amizades e nossa casa ficava sempre cheia. Eu tinha condições de pagar uma empregada para auxiliá-la nos deveres domésticos, assim ela tinha mais tempo para se reunir com as amigas.
Meu irmão Antonio Carlos já havia se casado e não morava mais conosco, mas minha irmã Izabel veio estudar na capital e estava morando em casa.
Tanta distração não me deixava perceber que Suely estava passando por problemas. E eu, sempre ocupado, não lhe dava a atenção merecida e prometida.
Durante a gravidez, dizia que o médico indicou a ela tomar malzebier (cerveja escura) para melhorar o leite, e o consumo de bebidas alcoólicas na nossa casa se tornava cada vez mais freqüente. Depois que o Junior nasceu, ela dizia que precisava tomar cerveja porque estava com pedras nos rins e a cerveja era diurética. Quando pedi um exame e o resultado mostrou que ela estava saudável, usou a desculpa de que a cerveja a ajudara expelir a pedra e para que não sofresse desse mal novamente, deveria beber diariamente. Eu nunca conversei com o médico dela para saber se era verdade. Talvez não quisesse saber.
Quando Suely engravidou da Cristina, eu estava cursando a faculdade e chegava todos os dias tarde da noite. Com isso acabei me distanciando da minha família, mas não deixava faltar nada a eles. Achava que assim estava cumprindo minha função de pai. Pude pagar a melhor educação, numa escola de freiras, cursos de inglês, informática, atividades esportivas, passeios a lugares culturais e próximos a natureza. Nas férias eu tentava redimir minha ausência os levando à viagens caras e fabulosas. Conhecemos o Norte e Nordeste do país, sempre íamos às praias mais belas e bem freqüentadas do litoral do Brasil, cidades históricas e interioranas. Mas não percebia que coisas mais simples como um abraço, um beijo ou um mimo no momento que eu chegava em casa os fariam mais felizes. Nos finais de semana, sempre saíamos para almoçar fora. Mas só íamos a lugares que eu escolhia, só comíamos o que eu queria e quando voltávamos para casa, eu me estirava no sofá em frente à televisão, para assistir jogos de futebol ou tirar um cochilo, sempre estava cansado demais para brincar com meus filhos ou curtir minha esposa.