sábado, 29 de maio de 2010

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Era fim de ano e a previsão para nos mudarmos era para o começo do próximo ano. Faltava pouco mais de um mês, mas parecia que faltavam séculos.
No Natal, fomos para a casa de um amigo. Patrícia não queria ir, mas não lhe deixei escolha. Quando voltamos para casa, a rua estava cheia de papéis rasgados. A porta de nossa casa estava cheia de discos quebrados, roupas rasgadas, enfim, todos os presentes, bilhetinhos e cartas de amor que a Patrícia havia dado ao Elder estavam lá, destruídos. E junto, o coração da milha filha, que ficou despedaçado. Ela se trancou no quarto e chorava alto, de soluçar.
Gritava que preferia morrer a passar tudo que estava passando e não agüentava mais. Eu não tinha certeza do que ela estava falando, mas sofria tanto quanto ela. Deitei sua cabeça no meu colo, fiquei acariciando seus longos e belos cabelos negros, sem dizer apenas uma palavra e deixando minhas lágrimas escorrerem silenciosamente pelo meu rosto, até que consegui acalmá-la.
Depois que ela se acalmou, foi até a rua, juntou pedacinho por pedacinho do que encontrou, levou até seu quarto e calmamente recompôs todas as cartas, costurou as roupas, juntou os pedaços de discos, colocou tudo em uma caixa, escreveu um bilhete de Feliz Natal, juntou ao presente que ela havia comprado para o Elder e colocou o pacote na porta de sua casa, com a maior humildade.
Ao mesmo tempo que senti orgulho da atitude de minha filha, também senti vergonha pois ele não merecia que ela se humilhasse desse jeito.
Enfim, deu resultado, e para meu alivio imediato e meu desgosto eterno, eles fizeram as pazes.,
Porém, poucos dias depois, ouvi um bate boca na rua e sai para ver o que estava acontecendo. O Elder estava batendo novamente na minha filha, rasgando sua roupa, e a Katia chorava e implorava para ele parar. O pai dele friamente assistia a tudo, inerte. Quando sai, avancei para cima dos dois, os separando e gritei ao pai dele, porque ele não havia feito nada para impedir aquela tragédia. Sabe o que ele me respondeu? “Segure tua cabra que meu bode tá solto.” E, sem descruzar os braços, entrou para dentro de sua casa.
Fiquei indignado, minha vontade era avançar para cima dele, mas minha filha estava precisando mais de mim ao seu lado.
Na mesma noite, minha sogra, que estava passando o fim de ano conosco, acordou de madrugada e notou que Patrícia não estava no quarto. Desesperada, me acordou. Na mesma hora liguei na casa do Elder e ela estava lá. Então, ela voltou para casa e notei que ela estava só de camiseta e calcinha. Como pode, depois de tudo que aconteceu, minha filha ainda se sujeitar a se deitar com aquele porco nojento? Perdi o controle e a surrei, deixando marcas por todo o seu corpo.
A impressão que eu tinha é que este inferno nunca iria acabar. Na semana do ano novo, Patrícia tentou se matar, misturando veneno com vários remédios em um copo, mas Suely mais uma vez chegou a tempo de impedir que ela tomasse a mistura.
Na segunda semana de janeiro eu já estava trabalhando no novo escritório e só faltava nosso inquilino desocupar a casa para a família toda mudar. Eu passava a semana trabalhando e no final de semana viajava para casa. Mas durante a semana, muitas coisas aconteciam.
Patrícia saia sem dizer aonde ia, durante a noite ovos eram lançados em nossa garagem, o carro de Suely foi pixado, e a Suely não tinha mais o controle da situação.
Então, antes mesmo de acabar janeiro, num final de semana que fui visitar minha família, Patrícia pediu para nos reunirmos pois ela queria ter uma conversa séria com todos. Foi quando ela começou a chorar e disse que estava grávida....

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