segunda-feira, 24 de maio de 2010

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Comuniquei minha decisão à Suely e ela imediatamente se arrumou para voltarmos no centro espírita da Madrinha Teresa. A entidade que nos atendeu disse-nos que a Suely tinha que fazer um tratamento espiritual para engravidar e, para isso, precisávamos levar alguns materiais para o trabalho de cura. Ela também deveria trabalhar para o centro e desenvolver sua mediunidade afim de afastar espíritos obsessores de nossas vidas. Lembrei-me da visão de Suely no dia do incêndio e resolvi dar crédito ao tratamento.
Em poucos meses Suely estava trabalhando na roda e recebendo entidades em seu corpo, para atender pessoas aflitas em busca de ajuda, mas ainda não conseguia engravidar.
Comecei a pensar que o problema talvez fosse comigo, e procurei uma maneira de testar minha virilidade. Apesar de minha intima amizade com Inês, eu não tinha coragem de dizer essas coisas a ela... não com palavras... então comecei a usar de indiretas e atitudes para tentar transparecer minha aflição e procurar uma palavra amiga. Mas Inês interpretou minhas ações de outra forma, e para minha surpresa, passou a corresponder-me com insinuações que deixariam qualquer homem louco.
Foi ai que vi uma luz, talvez se me envolvesse sexualmente com Inês, e ela engravidasse a esterilidade não seria culpa minha. Então começamos a sair depois do expediente e engatamos um romance.
Tentei não ficar estranho com Suely, para que ela não percebesse, mas ela também não se importava de eu chegar em casa mais tarde. Ela continuava abatida e sem vontade. Só se animava às sextas-feiras, dia de nosso compromisso no centro de umbanda.
Consegui manter a relação com Inês durante um ano, mas durante um bom tempo ela insistia em tomar pílula anticoncepcional. Com muito jeito fui a convencendo de que eu queria ter um filho com ela, que deixaria Suely se ela engravidasse.
Consegui convencê-la. Em poucos meses Inês apareceu grávida!!! Quando ela me deu a notícia, senti um misto de felicidade e medo, afinal de contas não estava falando sério quando disse que ia abandonar Suely para viver com ela, mas Inês me conhecia como ninguém, então resolveu afirmar à sociedade que a criança era do seu marido e que ela iria largar o emprego para cuidar da família.
Nunca mais a vi, mas depois soube que ela deu a luz a um lindo menino e colocou o nome de Luiz Antonio, assim como o meu nome. Para falar a verdade, nunca soube se era mesmo meu filho, mas essa homenagem me dava confiança.
Fiquei mais motivado com o tratamento, mas Suely estava perdendo as esperanças, começou a ficar descrente com os acontecimentos no centro, até que um dia uma entidade intitulada Cabocla Iara incorporou na Suely e deixou um recado à ela, que quando partisse e Suely voltasse a si, teria uma marca para jamais se esquecer do seu compromisso com ela e que o caminho estava livre para concebermos um filho. De fato, quando a sessão encerrou, Suely estava com um corte no supercílio que lhe rendeu seis pontos.

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